Artigos publicados

99Moto, sintoma da omissão e da preguiça (de burocratas a intelectuais)

Enquanto tratamos a 99 como uma barraquinha de churros em algum rincão, minimizando a presença da empresa, os problemas continuam se avolumando em meio à crise de representatividade que tem corroído a esquerda. Olhares atentos devem ter percebido que o artigo anterior fez referência à proposta para um “sistema super local” – pela qual peço desculpas pela redação, pois suspeito que o texto foi retalhado para se adequar às limitações da prefeitura paulistana –, feita há cerca de quatro anos.

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Concorrência desleal do 99Moto visa criar outro exército de idiotas

A oferta de serviços de ride-hailing envolvendo motocicletas está longe de ser uma novidade na RMSP (Região Metropolitana de São Paulo). Empresas como a gigante chinesa DiDi Chuxing, proprietária da 99, já exploram o serviço na vizinhança invisível da capital paulista. Em municípios como São Bernardo do Campo, por exemplo, não é muito difícil evidenciar o embarque de passageiros em motocicletas ao longo de avenidas como a Senador Vergueiro, mas apesar de toda a riqueza, o quinto PIB (Produto Interno Bruto) paulista virtualmente não tem relevância na discussão sobre a cidade de São Paulo, embora a cidade esteja conurbada e relativamente próxima da Zona Sudeste; em Franco da Rocha, um município bem mais pobre, a queda de braço foi perdida.

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Predinhos: egoísmo urbano “do bem” em reedição do Brooklin à Vila Madalena

Motivação Os chamados “predinhos” se transformaram numa espécie de “produto validado” para progressistas endinheirados que buscam localização estratégica, como bairros centrais com boa oferta de empregos e amenidades, com forte diferenciação em relação às classes médias e altas. O desejo (ainda que velado) de exclusividade e filtragem socioeconômica robusta é ofuscado pela tentativa de convencimento (próprio ou auxiliado pelo mercado) de que tudo não passa da busca por uma relação charmosa entre pessoas e cidade, uma versão de aço e concreto da “gastronomia afetiva” que superfatura cafés e torradas no “bairro nobre” mais próximo de você.

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Sim, adensa e deixa congestionar

Prólogo Este artigo é produto de uma série de comentários elaborados em abril de 2024, envolvendo uma verdadeira “salada” de assuntos interconectados. Seu subúrbio não é especial Sobre a privatização do trecho mais conflituoso da rodovia Raposo Tavares (entre São Paulo e Cotia), com previsão de alargamento, desapropriações e cobrança de pedágio, é preciso coragem para afirmar: quem se opõe também contribuiu para semear o projeto que se aproxima. Quando o problema estava fora dos bairros afetados pela concessão, estava tudo bem.

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Com extinção da CPTM no horizonte, ainda há o que dizer?

Em meio à privatização da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), tenho me perguntado se há muito mais o que cobrir criticamente para o Coletivo. À medida que os contratos de concessão são celebrados, temos uma noção mais ou menos clara em torno dos investimentos futuros. Como já apontado por mim no âmbito deste Coletivo, o histórico sugere uma redução nos investimentos: média irrisória de R$/ano e ausência de grandes obras de infraestrutura, mesmo algumas intuitivamente necessárias, como a expansão da Linha 13-Jade (Eng.

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Privatização do Trem Metropolitano avança em meio ao silêncio de petistas e intelectuais

Quando falamos sobre os trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, em processo de desestatização), normalmente, é razoável assumirmos que as composições serão associadas à imagem de superlotação. Os trens, repletos de indivíduos oriundos das mais diversas periferias, há muito, espelham territórios deliberadamente tomados como irrelevantes, a despeito de qualquer fator concreto que indique o contrário. Numa angústia furiosa, mais uma vez, disparo palavras no vazio cibernético da Internet, denunciando que o Trem Metropolitano, com as inúmeras contradições que permeiam seu processo de recapacitação de mais de meio século, nunca carregou ou foi alvo de tanta hipocrisia.

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Os fragmentos de uma estatal em extinção

A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) nasceu originalmente com a missão de maquiar a precariedade das linhas e entregá-las à iniciativa privada. O plano era ridículo, mas deixou bons frutos com o Integração Centro, responsável por transformar as estações Luz e Brás, além de promover outras intervenções menos visíveis. Legenda: Diagrama da rede de transporte metropolitano com o Integração Centro. Fonte: captura mais recente da Wayback Machine para quadro no site oficial do consórcio formado por Enger Engenharia e PCI, 30 de janeiro de 2005.

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Exaltado, Ricardo Nunes defende complexo viário de concepção anacrônica

Com documentos em mãos, o mandatário do Executivo paulistano, reeleito em chapa encabeçada pelo fisiológico MDB (Movimento Democrático Brasileiro), insiste que inaugurará complexo viário que contará com dois túneis na região da Avenida Sena Madureira, na Vila Mariana. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Ricardo Nunes (@prefeitoricardonunes) Legenda: Vídeo publicado na conta oficial de Ricardo Nunes na rede social Instagram Para ele, o prefeito Ricardo Nunes, a oposição se resume a uma narrativa em torno da criação de impactos ambientais — há quatro dias, reduziu os protestos a um “teatro”.

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Distância entre estações e densidade: reflexões rápidas

Reece Martin, do canal RMTransit, publicou um vídeo relativamente curto e oportuno em torno da relação entre espaçamento de paradas e a densidade de atendimentos, com algumas considerações em torno da escolha modal (ou seja, ônibus ou bonde local, metrô regional, etc.). Embora Martin tenha mencionado exemplos como a RER (Rede Regional Expressa ou Rede Expressa Regional, traduções livres do francês para o português) e recheado o vídeo com imagens de sistemas canadenses, como aqueles presentes em Vancouver e Montreal, as noções apresentadas não são particularmente exclusivas do Canadá ou França, muito pelo contrário.

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São Paulo não está inchada! Por um Centro Expandido denso e acolhedor

No último domingo, 10, o Movimento Salve a Sena Madureira, bem como outros grupos ativistas, organizaram uma concentração na região da Praça Lasar Segall. Nosso membro e morador da região, Lucian De Paula, esteve presente e fez uma fala importantíssima sobre direito à moradia. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Lucian De Paula (@lucian.dp) Legenda: Fala de Lucian De Paula, conforme publicação no Instagram Não é utopia lutar pelo direito de residir no mesmo bairro no qual existem vínculos de trabalho, de estudo e de saúde.

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Plano Diretor da Cidade Universitária da USP: uma oportunidade a não ser perdida

No último dia 18 de outubro, foi lançado o documento com as propostas consolidadas para o novo Plano Diretor da Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira da Universidade de São Paulo e, ao contrário dos planos anteriores, este plano diretor não está sendo criado dentro da estrutura burocrática da universidade, o elemento participativo está ativamente presente em sua construção, algo muito positivo para uma instituição que ainda tem suas principais instâncias de decisão uma participação pequena da população dos trabalhadores, estudantes e estudantes-moradores do campus.

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Ciclistas podem estar no orçamento 2025 em São Paulo. Guia de participação

Das várias formas de pressionar políticas públicas, uma delas é ocupar os espaços de participação popular para o orçamento da cidade para 2025. É possível enviar sugestões para a elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de São Paulo. Para participar, basta preencher o formulário clicando no link aqui. É possível fazer várias sugestões, do mesmo tema ou de temas variados. Na luta pela mobilidade ativa, disponibilizamos abaixo um modelo guia para facilitar o processo: basta copiar e colar, adaptando conforme necessário.

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Ocupar o orçamento 2025 contra o túnel Sena Madureira. Como?

Das várias formas de pressionar políticas públicas, uma delas é ocupar os espaços de participação popular para o orçamento da cidade para 2025. É possível contribuir no processo de elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviando sugestões. Para participar, basta preencher o formulário clicando no link aqui. É possível fazer várias sugestões, do mesmo tema ou de temas variados. Na sequência da luta contra o criminoso túnel da Sena Madureira, disponibilizamos abaixo um modelo guia para facilitar o processo: basta copiar e colar, adaptando conforme necessário.

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Caça à “bruxa da verticalização” expôs contradições às vésperas do segundo turno

Recentemente, o recém-eleito vereador Nabil Bonduki (PT) — resultado para o qual contribuí, pois era um dos menos piores, e preciso dizer com todas as letras que assim o considerei — deu continuidade à sua esteira de vídeos curtos no Instagram. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Nabil Bonduki (@nabil_bonduki) Legenda: Vídeo publicado em 24 de outubro no Instagram. “Ícone da degradação urbana” Na mira da metralhadora de platitudes empunhada pelo professor da USP (Universidade de São Paulo), estava a região na qual nasci e vivo: a Zona Leste paulistana.

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Arqos promete “cidade de 15 minutos” nas franjas do Tamboré. Viva a descentralização?

Depois do greenwashing, vem aí o timewashing? Na primeira metade de setembro, eu comentava com outros integrantes deste Coletivo sobre o que denominei “mais uma suburbada no oeste”. Após abordar o empreendimento Fazenda Itahyê, chegou a vez de falar do DISTRITQ (lê-se “distrito”), da incorporadora Arqos. Mais um empreendimento que recicla a ideia de centros de apoio da Alphaville Urbanismo, porém, sem arrasar o meio físico (terraplanando e criando urbanizações suscetíveis a alagamentos, para ser gentil na crítica).

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Direito de criticar a preservação das Vilas do Sol deve ser respeitado

Para defender um centro comercial e residencial de luxo, a Gazeta de Pinheiros, mais uma vez, retomou a interpretação ingênua do Plano Diretor Estratégico, reforçando uma noção genérica de “trabalhadores” e “interesses imobiliários”. Em tela, mais uma vez, quem especula com restrições artificiais é tratado como herói, enquanto a produção imobiliária é generalizada como uma casca vazia e de utilidade duvidosa. Legenda: Galeria da viagem ao quadrilátero em abril de 2024.

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O túnel Sena Madureira cabe no Zoneamento? Próximos passos da luta!

Já discutimos os vícios de contrato do túnel Sena Madureira que está sendo proposto para a Vila Mariana. Ao custo de túnel de metrô, o orçamento previsto hoje é de cerca de 575 milhões, para 500 m de túnel. E a obra continua, mesmo com a admissão do diretor do consórcio contratado pelo pagamento de 1 milhão em propina para que houvesse direcionamento da licitação. Além das irregularidades de contrato, é preciso perguntar se esse túnel pode ser construído ali.

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Sena Madureira: ação popular contra túnel deverá ser extinta e obras não serão interrompidas

A seguir, reproduzimos (com pequenas adaptações) a mensagem encaminhada por Ana Clara Costa no grupo “Não ao túnel Sena Madureira” associada ao parecer. Trata-se de grupo surgido organicamente após a subprefeitura cancelar a apresentação da obra do túnel, quando motivou o primeiro protesto parando a Sena Madureira, buscando reunir pessoas moradoras da Vila Mariana e outros indivíduos afetados diretamente na comunidade da rua Souza Ramos para organizar as ações de denúncia, protestos e resistência contra a obra.

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Seu “ecobairro”, nossa humilhação. Uma paisagem que tritura a maioria

O cinismo da discussão em torno da suposta preservação ambiental da capital paulista, que estimula a urbanização difusa (chamada de urban sprawl, em inglês), muitas vezes a partir de favelas e loteamentos de origem clandestina ou irregular, produz outro efeito colateral bastante preocupante: o esgarçamento da escala local, negando São Paulo como metrópole e outros 38 municípios como integrantes de sua região metropolitana. De olho no preocupante fenômeno de associações de moradores, organizações não governamentais e indivíduos supervalorizarem a escala local, no que parece um possível efeito do fenômeno descrito por Mike Davis e citado por David Harvey com relação ao mercado imobiliário estadunidense, ou seja, um comportamento exacerbador do direito de propriedade que resulta num “microfascismo de vizinhança”, passei a olhar mais cuidadosamente para a urbanização difusa sem abandonar um olhar voltado à classe social e, sobretudo, à concentração de renda.

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Bancada Feminista entra com ação popular baseada em denúncia do COMMU

O Coletivo teve acesso ao teor da peça elaborada a pedido da Bancada Feminista e agradece pelas palavras gentis em relação ao nosso dossiê, classificado como “louvável trabalho investigativo”. É a segunda denúncia com base no material (a primeira ocorreu no Legislativo estadual. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Silvia Ferraro (@silviaferrarobancadafeminista) Legenda: Vídeo publicado pela covereadora Silvia Ferraro Enquanto a prefeitura de Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição, justifica que as obras serão benéficas, parte da sociedade civil se organiza para exigir maior participação popular e uma postura condizente com os atuais desafios climáticos.

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