Artigos publicados

Noção de miolo de bairro é técnica, mas questionável

Quando discuto sobre a baixa abrangência das zonas permissíveis à verticalização, que compreendem raios de menos de 600 metros, nos melhores casos (estações do sistema metroferroviário), não acho que o parâmetro que determina a proximidade do transporte foi chutado. E é aí que reside o maior problema. Legenda: As extremamente limitadas áreas de influência da infraestrutura de transporte público, recuperadas no âmbito da tentativa de revisão do Plano Diretor Estratégico pela atual gestão, por meio de um diagnóstico inicial Para contextualizar: neste artigo, falo, sobretudo, do ordenamento aprovado na gestão de Fernando Haddad (PT; 2013-2017), a partir de 2014, composto pelo PDE (Plano Diretor Estratégico, informalmente chamado de “plano” ou “plano diretor”) e pela LPUOS (Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo, informalmente chamada de “zoneamento”).

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Subterfúgios e ausência de soluções críveis esvaziam críticas ao adensamento de Pinheiros

Artigo adaptado a partir de uma resposta ao Pró-Pinheiros no Instagram. Considerando que estamos em um ambiente urbano metropolitano, qualquer movimentação tem causa/efeito em toda a sua estrutura. O Pró-Pinheiros, assim como a comunidade do Pacaembu, é uma coalizão de agentes com seus próprios interesses, e o cerne dos interesses dos agentes que formam o Pró-Pinheiros é evitar o adensamento da região. O Pacaembu, assim como Pinheiros, possui poder econômico, tempo (que se configura como organização) e influência política.

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Jornal da Gazeta desinforma ao discutir verticalização a partir de Pinheiros

Introdução O Jornal da Gazeta veiculou em 29 de março, sexta-feira, uma problemática reportagem. Mais uma vez, as críticas em torno da verticalização aparecem em tom raso e egoísta, oferecendo verniz de relevância a opiniões e emoções sem o devido amparo técnico. Legenda: Reportagem “Demolição de bar histórico reacende discussão sobre a verticalização em São Paulo”, publicada no canal do Jornal da Gazeta no YouTube Contando com o previsível protagonismo do Pró-Pinheiros, que reúne diferentes associações de bairros ricos e urbanisticamente reacionários do Centro Expandido paulistano, a reportagem esgarça em seu título a importância de um boteco de gosto duvidoso.

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Veículos elétricos: bicicletas são mais acessíveis e convenientes. Entenda

Legenda: Vídeo “Verdades inconvenientes sobre carros elétricos”, publicado no canal de Atila Iamarino no YouTube, que estimulou a escrita deste artigo É preciso uma discussão franca sobre infraestrutura necessária, capacidade de carregamento, o fetiche por autonomia incompatível com os deslocamentos urbanos cotidianos, e que carros elétricos ainda são carros, ocupam muita terra urbana e carregam em média apenas 1,3 pessoas por viagem. O preço médio de modelos de carro 100% a bateria foi de R$ 466.

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Pró-Pinheiros rejeita ampliar diálogo e bloqueia COMMU no Instagram

Merecemos respeito Nós tentamos, mas o Pró-Pinheiros, uma das organizações na linha de frente pela manutenção de características insustentáveis e segregacionistas dos bairros do Centro Expandido, afirmou que nossa insistência é uma demonstração de grosseria, calcada numa tentativa de “disputa de conhecimento por rede social”. A declaração ocorreu por comentário no Instagram, quando reagimos aos risos do Pró-Pinheiros em relação a outra interlocutora, que disse nossos argumentos eram incompreensíveis. Legenda: Reação da Pró-Pinheiros e últimas interações antes do bloqueio Adoraríamos divulgar o teor da primeira tentativa de diálogo por mensagem privada, iniciada após uma crítica da nossa parte a um conteúdo de curta duração (story ou stories, na terminologia do Instagram), mas não o faremos para reduzir o risco de um processo por danos morais, já que o bloqueio nos impede de buscar consentimento.

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Verticalização em São Paulo. O acerto covarde de Haddad e o erro grosseiro de Marta Suplicy

Prólogo O artigo em questão é uma adaptação de uma resposta que seria redigida numa publicação no Instagram, contra-argumentando com a senhora Nara Kassinoff, que se apresenta como fotógrafa de rua, designer gráfica e ourives. Legenda: Perfil de Nara Kassinoff no Instagram em 20/03/2024 Já não fazia muito sentido manter a discussão por lá, tanto pelo tom adotado quanto pela importância do tema, entretanto, como a senhora Kassinoff optou por enviar um “textão malcriado” e limitar as menções, adaptar a resposta na forma de um artigo acabou sendo inevitável.

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Privatização do sistema de trilhos leva emburrecimento do estado a novo patamar

Retomando a provocação envolvendo o mercado imobiliário, como seria um futuro arrasado pela privatização de todo o sistema metroferroviário? Mais pessoas precisariam madrugar ou postergar o expediente, tentando driblar horários de pico ainda mais caóticos? O êxodo rumo ao interior paulista, parcela do estado sabidamente indutora do uso indiscriminado do automóvel, ganharia ainda mais força? Imóveis nas localizações com maior e melhor oferta de trabalho disparariam de preço, pois seriam enxergados como uma das poucas alternativas à precarização da Companhia do Metropolitano de São Paulo (METRÔ) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM)?

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São Paulo sem São Paulo: redefinindo o papel da metrópole

Cerca de metade da população da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo) reside nos 38 municípios que orbitam ao redor da capital e, mesmo dentro da capital, parcelas significativas residem a uma distância considerável (a 20, 30 ou mais km de distância) das novas centralidades constituídas ao longo do rio Pinheiros, como Vila Olímpia, Itaim Bibi, Berrini e Faria Lima. Por que um morador da Zona Leste deveria tratar o parque Ibirapuera como principal parque do município, quando reside a uma distância mais curta dos parques do Carmo, do Piqueri ou do Ceret?

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Rinha de ricos: em busca do antídoto

Eufemismos No bojo dos meus deslocamentos entre São Paulo e São Bernardo do Campo, comentei com outros membros deste Coletivo sobre como é muito fácil ser transformado numa espécie de caricatura ao tentar discutir diferentes porções da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo). Nada contra Paris, mas a São Bernardo do Campo chego de ônibus Há alguns dias, voltei a me deslocar diariamente para São Bernardo do Campo[1] e, ao longo de uma semana, suspeito que já acumulei material suficiente para fomentar discussões por meses, escrevendo artigos, publicando no Instagram, dialogando internamente com outros membros no Telegram, etc.

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Nada contra Paris, mas a São Bernardo do Campo chego de ônibus

Há alguns dias, voltei a me deslocar diariamente para São Bernardo do Campo[1] e, ao longo de uma semana, suspeito que já acumulei material suficiente para fomentar discussões por meses, escrevendo artigos, publicando no Instagram, dialogando internamente com outros membros no Telegram, etc. E é sobre isso que eu gostaria de falar, sobretudo, para alfinetar o que parece um curioso “processo de filtragem”, deliberado ou não, que reproduz ou escancara profundas contradições de classe.

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Futuro da Linha 7-Rubi será definido em breve. Cenário não poderia ser pior

Não, 2024 não começou e não terminará bem. Centenas de milhares de periféricos, independente do que pensam ou de como votam, terão seu futuro acorrentado a um contrato longo e traiçoeiro entre governo do estado e iniciativa privada. Imaginamos que não seja segredo para ninguém: não haverá oposição contundente. O governo federal investirá recursos da controversa nova versão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), excessivamente focada em obras com baixa relevância para estabelecer uma trajetória positiva para nossos principais tecidos urbanos.

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São Paulo vai pagar para pedalar, finalmente? BikeSP - Parte 2

Os membros da Câmara Temática da Bicicleta (CTB), instância acessória do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT) pressionam, há anos, pela regulamentação do programa BikeSP, instituído por lei desde 2016, e do qual já comentamos aqui. Programa foi aprovado em 2016 Cobrado mensalmente nas reuniões da CTB com a prefeitura, o BikeSP, que prevê que a prefeitura pague pelos deslocamentos feitos de bicicleta até o trabalho ou escola, nunca saiu do papel, pois o município alegava não ter segurança para calcular o benefício da substituição dos veículos automotores pela bicicleta.

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Num xadrez marcado por egoísmo e anseios autoritários, editorial do Estadão parece ironia

O artigo a seguir é uma adaptação de duas sequências de posts no X, feitas em 25/12/2023 e 21/12/2023 pelo nosso membro Caio César. Chega a ser irônico evidenciar a publicação do editorial “Descaso com a cidade de São Paulo” pelo Estadão, jornal que, alertando contra “aventureiros”, sugeriu o voto no atual governo municipal em 2020, entretanto, mais do que a ironia do destino, o texto também une esquerda e direita reacionárias e privilegiadas.

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Contra adensamento, Rede Nossa Paulo banaliza descentralização e continua com narrativa do medo

O artigo a seguir é uma adaptação de uma sequência de posts no X, feita em 22/12/2023 pelo nosso membro Caio César, que marcou a Rede Nossa São Paulo. Naquele dia, a Rede deu ênfase para dois parágrafos da reportagem “Novo zoneamento de SP melhora a sua vida? Veja o que dizem construtoras, especialistas e vereadores” do Estadão. Legenda: Story publicado pela Rede Nossa São Paulo no Instagram Mais uma vez, a Rede Nossa São Paulo está negando as próprias pesquisas que conduz.

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COMMU assina carta pela mobilidade ativa na COP28

Nós do COMMU (Coletivo Metropolitano de Mobilidade Urbana) lemos, endossamos e assinamos a carta produzida pela Partnership for Active Travel and Health (PATH ou Parceria pela mobilidade ativa e saúde, em tradução livre). A iniciativa reforça a necessidade de inclusão da mobilidade ativa nas políticas nacionais e no documento final de compromissos a ser publicado ao fim da COP28. A carta está disponível na íntegra aqui. Os signatários da carta buscam aumentar a atenção e o investimento no transporte ativo, visando não apenas a mitigação das mudanças climáticas, mas também benefícios para a saúde pública, redução da poluição do ar, melhoria do tráfego urbano e promoção de sociedades mais equitativas.

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COMMU denuncia licitação suspeita e obra rodoviarista

Legenda: Registro da fala do membro do COMMU na audiência pública Mais uma vez a Prefeitura de São Paulo insiste em executar uma obra rodoviarista, cara, que contraria preceitos urbanísticos básicos, em desacordo com a legislação vigente e cujo histórico de licitação é, no mínimo, questionável e merecedor de escrutínio. É o chamado “Complexo Viário Sena Madureira”, essencialmente, um túnel de duas faixas por sentido, com apenas 500 metros de extensão e um custo estimado de pelo menos meio bilhão de reais, feito para evitar um único semáforo no cruzamento entre as avenidas Sena Madureira e Domingos de Morais.

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Privatização: memória curta e fantasiosa distorce papéis

As afirmações a seguir, publicadas em resposta a Rafael Calabria, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), são uma pesada “alucinação”. Em meio aos editoriais canalhas do Estadão e da Folha de S.Paulo, a desinformação corre solta. “ Quando a linha esmeralda era operada pelo estado servia apenas algumas estações, tinha dois trens, o povo esperava até 90 minutos. E tinha mais problemas que agora. Para ir de Osasco até Grajaú, às vezes valia mais a pena ir de metrô até o Jabaquara e pegar um ônibus.

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Linha 9 foi palco de extremismo político e violência contra a mulher

Em mais um trágico episódio envolvendo as linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) concedidas à ViaMobilidade, empresa ligada aos grupos Ruas e CCR, uma passageira foi covardemente agredida. A agressão ocorreu num trem da Linha 9-Esmeralda (Osasco-Mendes·Vila Natal). O motivo? Extremamente fútil: Renata Lima, 36, solicitou educadamente a um homem para diminuir o volume do conteúdo que reproduzia em seu celular. Nada mais, porém, o homem reproduzia conteúdo da extrema-direita brasileira, enaltecendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e reagiu violentamente ao pedido.

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Sucateamento da CPTM pode potencializar relações tóxicas com o território

Trevas no horizonte E se Tarcísio de Freitas (Rep), atual governador do estado de São Paulo, conseguir avançar com o rolo compressor? E se todas as linhas do METRÔ (Companhia do Metropolitano de São Paulo) e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) forem privatizadas? E se a privatização selar um nível de serviço degradado para toda a malha, similar aquele das linhas 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) e 9-Esmeralda (Osasco-Mendes·Vila Natal)?

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Renegociação de contratos não pode ser única alternativa para concessões fracassadas

Em 20 de agosto, a Folha de S.Paulo opinou que, em relação aos problemas com a concessão de quase mil km de rodovia, no âmbito da BR-040 (Juiz de Fora, MG-Brasília, DF), “a escassez de interessados” deixava “pouca alternativa além da renegociação dos contratos com os prestadores existentes”. Para fins de rápida contextualização, o contrato com Invepar — mesmo grupo que controla, não sem requintes de incompetência, o MetrôRio e o GRU Airport, concessionárias do Metropolitano do Rio de Janeiro e do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, respectivamente — terminou em agosto, conforme reportagem da TV Integração, publicada pelo G1 Zona da Mata um dia antes da Folha nos brindar com mais uma brilhante opinião.

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