Como atuamos?

Por Ana Carolina Nunes | 31/07/2015 | 9 min.

Legenda: Embarque de passageiros em ônibus biarticulado na Avenida 23 de Maio
A mobilidade urbana é um campo bastante amplo, presente na vida de todos nós, mesmo nos deslocamentos mais simples e feitos a pé. Nossa missão é lutar por uma mobilidade urbana digna, indo do simples ao complexo, do trivial ao desafiador. Toda a Região Metropolitana de São Paulo deve dispor de uma infraestrutura de mobilidade que seja não menos do que excelente

Índice


Pretendemos aqui esclarecer como o COMMU, Coletivo Metropolitano de Mobilidade Urbana, atua e/ou pretende atuar para se somar a todos as pessoas que lutam por cidades mais democráticas, mais verdes, mais voltadas às pessoas, onde os deslocamentos sejam agradáveis.


Objetivos e Princípios

Aqui você confere nossos objetivos e princípios na luta por uma melhor mobilidade urbana na metrópole de São Paulo.

Priorizar o transporte coletivo em detrimento do transporte individual motorizado

A priorização do transporte coletivo significa desenvolver ações que busquem colocá-lo no topo da lista de prioridades do poder público em termos de mobilidade urbana.

Legenda: Créditos: Wikimedia Commons

Queremos mostrar que à sociedade e ao poder público que é urgente e necessário priorizar o transporte coletivo. Trata-se, também, de contrariar os interesses da indústria automobilística e rejeitar um modelo de cidade baseado no automóvel. Priorizar o transporte coletivo também significa valorizar os deslocamentos a pé e de bicicleta, o que exige redução de limites de velocidade e criação de espaços compartilhados. Uma amplitude de medidas modifica o caráter de toda a cidade, invertendo o modelo comumente imposto, no qual o automóvel é enxergado como “ferramenta de acesso” e dita o crescimento e os contornos da cidade, deformando espaços, reduzindo o desempenho dos ônibus, induzindo à periferização, entre outros problemas.

Abaixo estão relacionados alguns artigos que podem elucidar a questão:

O objetivo implica num ponto-chave, principalmente em áreas consolidadas: o automóvel cede parte ou todo o seu espaço para o transporte coletivo, que tem maior poder estruturante, maior capacidade de movimentação de pessoas e melhor eficiência energética.

Disseminar informação sobre o transporte coletivo

Legenda: Créditos: Wikimedia Commons

Trata-se de uma de nossas principais frentes de atuação, sendo tratada como um objetivo crucial. Abordamos os temas da mobilidade urbana de um viés diferenciado em relação à cobertura da imprensa (a cobertura dos grandes veículos chega ao requinte de ser rasa e/ou desonesta em algumas situações). Somos um veículo de informação independente e de interesse público, o que nos permite explorar temas espinhosos com a criticidade que eles exigem. Nosso conteúdo é totalmente autoral.

Buscamos disseminar informação de qualidade da seguinte maneira:

  • Publicar artigos e textos de opinião, cobrindo o transporte coletivo de maneira abrangente e aprofundada, ampliando debates e fomentando discussões;
  • Dirimir dúvidas de cidadãos, fornecendo esclarecimentos sobre o transporte conforme nossos objetivos e princípios;
  • Com base na Lei de Acesso à Informação, obter dados e transformá-los em materiais que possam ser analisados por todos que utilizam o transporte coletivo.

Nossos principais canais para divulgação de informações estão nas redes sociais. Convidamos todos a curtirem e seguirem a gente, seja no Facebook, no Twitter ou no Medium.

Empoderar o usuário do transporte coletivo

Legenda: Créditos: autor desconhecido

Quando da formação do Coletivo, identificamos uma carência muito forte na representação dos usuários do transporte coletivo em toda a Região Metropolitana de São Paulo. Praticamente não existem conselhos participativos, faltam associações independentes,e grandes veículos de imprensa consultam apenas certos especialistas (cujas declarações se distanciam da realidade dos usuários, quando não se voltam contra eles). Falta, portanto, diálogo entre o poder público, operadores do setor e os passageiros, clientes e usuários do serviço.

Queremos munir os usuários de informação para que eles possam cobrar serviços de qualidade e maior espaços de diálogo com os responsáveis. O empoderamento é um objetivo que se entrelaça com outros. Com informação, presença organizada nos poucos espaços de participação existentes, entre outros elementos, o empoderamento vai, pouco a pouco, sendo conquistado.

Melhorar o diálogo que o poder público e os operadores do transporte coletivo mantém com os usuários

Legenda: Créditos: Wikimedia Commons

Como mencionado acima, existe uma carência de representação do usuário do transporte coletivo. Com a produção de artigos e ações de fiscalização, atraímos a atenção de cidadãos, do poder público e de empresas ligadas à operação de sistemas de transporte para questões cruciais da mobilidade urbana.

Um exemplo da materialização do objetivo é a conquista de duas reuniões com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), sendo que a segunda, motivada pela primeira, envolveu outros atores da sociedade civil que estão, de alguma forma, interessados em melhores condições de mobilidade.

Os encontros entre o COMMU e a CPTM deram origem a dois artigos, que estão relacionados a seguir:

Pressionar o poder público e os operadores do transporte coletivo

Temos como objetivo mostrar ao poder público e e aos operadores do transporte coletivo que existe interesse na obtenção de serviços de excelência. Faz-se necessário, para tanto, analisar criticamente os serviços prestados, expondo problemas, sugerindo e reclamando soluções.

Quando expomos os problemas com a manutenção dos trens da série 2100 da CPTM, por exemplo, mencionando o nome do consórcio ganhador da licitação e fazendo um breve histórico, estamos fazendo um tipo de pressão. Identificar os atores responsáveis é um passo primordial e muitas vezes negligenciado. É preciso demonstrar que existe o risco de dano à imagem daqueles que estão envolvidos e, a partir daí, podem se desdobrar ações mais severas.


Meios e Métodos

Para atingir nossos objetivos tendo em vista nossos princípios, estabelecemos meios e métodos que norteiam os esforços que empenhamos.

Ocupar todos os espaços de participação

Se existe um espaço de participação e podemos ocupá-lo, então será ocupado. O que isso significa? Significa comparecer e participar de reuniões, assembleias, conselhos e audiências. Já ocupamos alguns espaços e queremos, cada vez mais, ocupar outros. Mais do que isso, queremos que a participação nesses espaços seja de qualidade, e não apenas protocolar.

No entanto, precisamos de colaboradores de todas as cidades da Região Metropolitana de São Paulo, e não apenas da capital, para que as demandas cheguem às autoridades em sua totalidade. É preciso fazer bom uso dos espaços para garantir que continuem existindo e que sejam úteis à sociedade.

Comunicar o que aconteceu nos espaços de participação (resumir o que aconteceu e dar nossa opinião)

Em conformidade com método anterior, é preciso participar e prestar contas, tornando pública a nossa presença. Foi o que fizemos quando comparecemos na 11ª reunião do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito da capital paulista, por exemplo.

Acompanhar licitações e aditivos como forma de pressão e de aumentar a transparência

Possuímos um modelo de acompanhamento de licitações para o Governo do Estado de São Paulo, que se baseia na fiscalização de dados públicos da Imprensa Oficial. Sabemos, porém, que é uma medida limitada diante das dimensões territoriais e políticas da Grande São Paulo.

No momento, precisamos de apoio de mais colaboradores para conseguir fazer um acompanhamento realmente funcional das contratações estatais.

Rebater argumentos rodoviaristas que aparecem na mídia

É preciso combater a desinformação. É comum observar na cobertura da grande imprensa a predominância de argumentos contra ações que privilegiam o transporte coletivo em detrimento do individual. Não podemos permitir que o transporte coletivo, e os deslocamentos a pé e de bicicleta sejam esquecidas na cobertura da imprensa.

Rebatemos argumentos rodoviaristas da imprensa em algumas oportunidades. Relacionamos três delas a seguir:

Colaborar com a sugestão de pautas

Queremos nos tornar referência na produção de informação de qualidade sobre o transporte público coletivo na Região Metropolitana de São Paulo. Isso significa, também, colaborar com jornalistas que busquem boas fontes nas suas reportagens sobre mobilidade urbana, sugerindo pautas relevantes sobre a situação do transporte coletivo metropolitano. Contamos, também, com a colaboração dos usuários desses modos de transporte para sabermos o que está se passando nos ônibus municipais, ônibus intermunicipais da EMTU, no sistema de metrô (Metrô de São Paulo e Trem Metropolitano da CPTM) e, a partir daí, investigar causas dos problemas e apontar soluções.

Práticas para a gestão metropolitana

Acreditamos que muitos problemas urbanos, como mobilidade, habitação e saneamento básico, só podem ser completamente sanados se houver uma real integração da gestão pública de todas as cidades da Região Metropolitana de São Paulo. Por isso buscamos disseminar aos cidadãos informações sobre a gestão metropolitana de transporte coletivo, além de exigir ações integradas do poder público.

Coleta de informações/sugestões/reclamações dos usuários para levar aos espaços de participação

Como já dissemos acima, precisamos da colaboração dos usuários de transporte coletivo metropolitano para conhecer as demandas e problemas desses meios de transporte e representá-los nos espaços de participação.

Fomentar a transparência ativa do poder público

A Lei de Acesso à Informação, em vigor há menos de 3 anos, já obriga órgãos e empresas públicas a fornecer informações de interesse público a qualquer cidadão que fizer uma solicitação. Apesar de a lei já ter obrigado muitos órgãos a abrirem suas caixas pretas, ainda falta muito para serem considerados transparentes, ainda mais quando se fala da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Governo do Estado de São Paulo. Por esse motivo, solicitamos e disseminamos informações públicas sobre transportes e obras . Essa é uma maneira de, também, forçar os órgãos e empresas públicas a serem ativamente transparentes, ou seja, publicar informações de interesse público antes mesmo de serem solicitados pelos cidadãos.

Apoiar e fomentar o TOD

A sigla TOD vem do idioma inglês e significa Transport Oriented Development, que em tradução livre para o português brasileiro, significa DOT, ou seja, Desenvolvimento Orientado ao Transporte. A Wikipedia anglófona tem um verbete de boa qualidade a respeito. O TOD costuma exigir sinergia entre o poder público e iniciativa privada.

Trata-se de uma prática que ainda engatinha no Brasil, mesmo em São Paulo. Contudo, a capital paranaense, Curitiba, é um exemplo internacional quando o assunto é TOD, graças à Rede Integrada de Transporte, que fortaleceu o conceito de ônibus rápidos em canaletas segregadas do tráfego misto.

Legenda: Créditos: Wikimedia Commons. Avenida Sete de Setembro. A densidade e o gabarito dos edifícios está condicionada à presença do BRT

Curitiba orientou o crescimento da cidade à presença das canaletas, ou seja, no exemplo curitibano a cidade apoiou seu desenvolvimento numa rede de BRT ou Bus Rapid Transit em inglês*,* algo que poderíamos traduzir livremente como Sistema de Ônibus Rápidos, por exemplo.

Ainda que talvez não tão explicitamente, exploramos a questão do TOD com relativa frequência. Quando escrevemos artigos que aliam a crítica da infraestrutura de transporte com o desenvolvimento do entorno, estamos trabalhando TOD. Dois exemplos de artigos:


Conclusão

Esperamos ter compreendido uma visão geral sobre como temos atuado. Se você ficou interessado em nos ajudar, não hesite em fazer contato conosco. Estamos disponíveis no Facebook ou por e-mail (correio eletrônico).


Colaborações: Caio César (co-autor)



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