Reformada, Estação Poá apresenta qualidade aquém do esperado

Por Caio César | 10/09/2016 | 5 min.

Legenda: Destinando-se à Estação Estudantes, trem alinha na Plataforma 2 da Estação Poá
Após esperarem cerca de quatro anos e suportarem atrasos nas obras, passageiros se deparam com uma estação que não fornece boa acessibilidade e conforto

Índice


Introdução

A Estância Hidromineral de Poá é um pequeno município no Alto Tietê, que recentemente foi agraciado com a reinauguração da Estação Poá, na Linha 11-Coral (Luz-Guaianazes-Estudantes) fruto de uma readequação funcional realizada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com projeto da gestão atual da Secretaria dos Transportes Metropolitanos. Assim como as estações Franco da Rocha (reconstruída) e Vila Aurora (nova), ambas na Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí), o projeto é claramente pobre e contrasta duramente não só com as estações mais novas da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), mas também com as estações novas da CPTM que foram projetadas na gestão anterior, sobretudo no governo de José Serra (PSDB).

Para facilitar a leitura, a crítica foi dividida em três partes e uma conclusão.


Rampas e escadas

Diferentemente de estações como Suzano (reconstruída) e Ferraz de Vasconcelos (reconstruída), ambas na mesma linha, o passageiro não está totalmente protegido de intempéries, na realidade, está muito pouco protegido.

Para se ter uma ideia do retrocesso e das comparações inevitáveis que já estão sendo feitas pelos passageiros nos trens e nas redes sociais, o par de escadas fixas que conectam o mezanino às plataformas não apresenta qualquer proteção nas laterais, além de contar com um piso escorregadio — e imagine você, a visita foi realizada num dia seco. É impossível não utilizá-las e imaginar os possíveis acidentes que poderão ocorrer, talvez os empregados da estação acabem interditando as escadas fixas, pelo menos nos dias de fortes chuvas. Outro aspecto preocupante das escadas é que elas exigem cuidado com a cabeça, tanto que foram colocadas faixas zebradas de advertência. Sério, não dava pra ter feito algo melhor?

Legenda: Mezanino: antiquado e pouco amplo; escadas fixas: controversas, exigem atenção durante o uso

Assim como as escadas, as rampas não são cobertas. O passageiro só encontra abrigo no mezanino, que é basicamente o mesmo de antes, reaproveitado.

Legenda: Conjunto de escadas fixas da Plataforma 2: proteção praticamente zero; escada rolante da Plataforma 1: envidraçamento

As únicas escadas que possuem proteção lateral são as rolantes, com um vidro transparente, no entanto, no dia de nossa visita, apenas a escada rolante da Plataforma 1 (sentido Guaianazes/Luz) estava em funcionamento. Em resposta a um perfil do Grupo Diário no Twitter, a CPTM esclarece que os elevadores e escadas rolantes estão em operação assistida:

Não há conexão com a passagem subterrânea operada pela administração municipal e o espaço entre o muro gradeado da estação e ela é muito pequeno, o que poderá resultar em acúmulo de lixo futuramente, principalmente por se tratar de uma região central, com fluxo constante de transeuntes e presença de comércio ambulante.

Legenda: Vista da rampa a partir da Plataforma 2

Na Plataforma 2, talvez na tentativa de reduzir o uso do elevador, uma rampa lateral foi instalada. Seu acesso não é prático, pois depende de um empregado da CPTM. Talvez poderiam ter considerado o uso de um torniquete, antiquado, mas funcional.


Piso tátil

Vamos resumir da seguinte forma: poderia ter sido melhor instalado. Por exemplo, na Plataforma 2, o uso não indica a escada fixa corretamente. Comparando com a Estação Itaim Paulista (reconstruída) da Linha 12-Safira (Brás-Calmon Viana), fica claro que a instalação foi feita incorretamente.

Enquanto em Itaim Paulista o piso guia o passageiro diretamente para a frente da escada, em Poá ele é guiado para a lateral da escada. Veja que não falta espaço, falta esmero e capricho.


Plataformas

O principal problema aqui é que a empresa decidiu adotar uma cobertura similar à do deficiente e franzino terminal urbano do município, com padrão circular — e de gosto duvidoso.

Legenda: Cobertura: ruim e antiquada, não provê conforto em dias de chuva

O ponto é que a cobertura tem exatamente a largura da plataforma, então o passageiro vai sentir desconforto em dias chuvosos. O projeto poderia ao menos ter inserido as coberturas de forma a cobrir parcialmente a via, deixando um pequeno vão central. Faltou cuidado.

Mesmo estações com projeto arquitetônico melhor, como Tamanduateí (reconstruída), a cobertura parcial das plataformas causa problemas. Por exemplo, em Tamanduateí, reinaugurada em 2010, as bordas das plataformas precisam ser recorrentemente vigiadas pelos faxineiros nos dias de chuva, estes, por sua vez, impedem a formação de poças d’água com rodos.


Conclusão

Como vimos, é lamentável encontrar, em pleno ano de 2016, uma estação que apresente um projeto desleixado. É compreensível que a CPTM tente reduzir os custos das obras de modernização, mas é inadmissível que reduzir custos signifique projetar uma estação “nas coxas”, provendo pouco conforto para o passageiro. Com os atrasos que antecederam a inauguração, sobra pouco espaço para qualquer pedido de desculpas por parte da Companhia, que parece ter adotado uma postura cada vez mais provinciana ao longo da administração Geraldo Alckmin.

Poá é uma cidade com vocação turística e merecia algo melhor. Foi bom encontrar um bicicletário, mas ele sozinho não é capaz de aliviar os problemas que relatamos, até porque, é pequeno e repete a postura de subestimar a demanda reprimida, tanto que já estava cheio poucos dias após a inauguração.




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