O momento chegou: a ciclovia na Paulista foi inaugurada

Por Gabriel Garcia | 28/06/2015 | 3 min.

Legenda: Avenida Paulista
Ao contrário do que muitos acreditam (ou se reinventam para acreditar) as ciclovias não começaram nesta gestão da prefeitura. Quem tomou a iniciativa foi o Governo do Estado, que implantou as ciclovias da Radial Leste e da Marginal Pinheiros

Quando comecei a fazer faculdade, em 2009, passei de fato a utilizar o transporte público da cidade diariamente. Para chegar à faculdade a minha linha passava pela Avenida Paulista inteira. A linha era lotada e infernal, situação que se atenuou com o tempo.

Por alguns anos utilizei aquela linha diariamente e passei a constatar que vários ciclistas utilizavam aquela via, mesmo que muito congestionada. Me questionava a razão de preferirem trafegar por ali ao invés das vias paralelas. A resposta se encontrava facilmente no relevo muito acidentado e na inconstância destas vias, que na regiao do Parque Trianon e do Masp são divididas pelo túnel da Avenida Nove de Julho.

Em 2010 cheguei à conclusão de que aquela avenida necessitava de uma via exclusiva para bicicletas, pela quantidade de ciclistas, que aparentava estar crescendo. Os acidentes com ciclistas na avenida ocorriam cada vez com maior frequência, mesmo com ciclistas experientes. Algo deveria ser feito já naquela época, mas a cidade ainda não parecia pronta para aceitar uma intervenção daquela magnitude no símbolo da cidade.

Legenda: Ciclovia da Marginal Pinheiros observada do mezanino da Estação Granja Julieta da Linha 9-Esmeralda da CPTM

Ao contrário do que muitos acreditam (ou se reinventam para acreditar) as ciclovias não começaram nesta gestão da prefeitura. Quem tomou a iniciativa foi o Governo do Estado, que implantou as ciclovias da Radial Leste e da Marginal Pinheiros. A ciclovia da Radial Leste tomou parte de calçadas, mas nunca se ouviu reclamações a respeito. A ciclovia da Marginal Pinheiros motivou até a construção de uma ponte exclusiva para ciclistas, a custos muito maiores que a ciclovia da Avenida Paulista, mas que a mídia mal acompanhou a obra ou a inauguração (a ponte é linda, funcional e foi barata por tudo o que tem, diga-se de passagem, tal como a ciclovia da Paulista). Já as ciclovias de rua começaram a surgir na gestão Gilberto Kassab, com a implantação em Moema. Na época houve resistência, pouco noticiada na mídia, o que levou o prefeito a não levar os planos cicloviários para frente, com medo de afetar sua popularidade. Hoje vejo o quão covarde foi.

Os planos cicloviários começaram a sair de fato na gestão atual. Mesmo sendo uma medida de início impopular e que envolve quebra de paradigmas, o prefeito Haddad engoliu tudo, somado à implacável caça da mídia, devido ao seu partido, envolvido até o pescoço no escândalo da Petrobrás e com imensa rejeição no estado, depois das eleições de 2014. Os planos de implantação de ciclovias, que deveriam por natureza transcender partidos e mandatos, por se tratar de uma questão envolvida com a melhoria urbana e da saúde pública, foram transformados por pessoas e pela mídia em questão político partidária. Mesmo no dia da inauguração da ciclovia da Paulista um grupo lançou tinta azul na ciclovia. A cor da ciclovia, vermelha, começou a surgir na cidade, como disse anteriormente, com as ciclovias do Governo do Estado. A razão? Óbvio, existem normas técnicas no Brasil que, há décadas, definem desta forma. Ainda assim existem pessoas que acreditam ser questão partidária.

Depois de 5 anos de quando passei a acreditar na viabilidade e na necessidade de uma ciclovia no canteiro central na Avenida Paulista o momento de sua inauguração finalmente chegou. E creio que em poucos dias, quando a mídia se calar a respeito da ciclovia, perante a ausência de noticias negativas relevantes sobre o seu uso (e a intensidade de seu uso), pautas negativas estas previstas pelos especialistas em transporte mandraques, o paradigma estará, finalmente, quebrado.




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