Percepções

Por Caio César | 01/04/2017 | 3 min.

Legenda: Região da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista, fotografada a partir de um trem da CPTM
Os primeiros materiais do COMMU começaram a ser publicados no Medium em 2014, mais precisamente, no mês de Outubro daquele ano, de lá para cá, a difícil experiência de produzir conteúdo deixou alguns aprendizados

O primeiro desafio era produzir algo diferente. Nas conversas entre membros, ficava claro que a cobertura da imprensa não agradava. Não agradava pois era rasa, sensacionalista ou até mesmo desonesta. Ficava claro que produzir análises mais aprofundadas não era o forte dos maiores e mais poderosos meios de comunicação, por outro lado, a mídia não hegemônica estava — e continua — fazendo um trabalho ruim, de baixa qualidade mesmo, pois o desejo compreensível de produzir um contraponto não se sustentava pela maneira como a postura opositora se dava, tão mesquinha e capturada por certos atores do plano político, que asfixiava qualquer chance de produção de uma análise mais rica.

Sobrou pra gente. Por um motivo ou por outro, o Coletivo acabou se constituindo de pessoas que usam e pensam criticamente a malha da CPTM, sem deixar de lado os trens da Companhia do Metropolitano e os diversos sistemas de ônibus da Grande São Paulo (municipais e intermunicipais). Baita oportunidade! Saímos na frente e produzimos análises e artigos opinião, inclusive com fundamentação de cunho acadêmico, sobre problemas clássicos dos trens da CPTM.

Foi a primeira vez que assuntos discutidos em fóruns especializados como o SkyscraperCity (SSC, para os íntimos) ganharam a luz do dia em uma plataforma mais aberta. Foi a primeira vez que assuntos debatidos há quase dez anos foram inseridos na mídias sociais, enriquecidos com fotografias e informações para quem não pode se dar ao luxo de perder horas lendo uma discussão repleta de agressividade para tentar entender aquela ou aquela outra questão.

Nossa linha editorial e nosso filão principal estava ficando cada vez mais definido: colocamos a CPTM no centro do debate, quando antes ela estava nas beiradas. Incomodamos. Percebemos questões de classe que antes nem sequer sonhávamos. Em certo momento, ficou evidente que escrever sobre áreas mais queridinhas proporcionava milhares de acessos com menor esforço, enquanto escrever sobre qualquer coisa milimetricamente periférica era quase certeza de frustração.

Legenda: Carapicuíba e Alphaville ao fundo. Artigos do Coletivo no passado já pincelaram temas relacionados aos dois lugares

Na verdade, continua sendo frustrante, mas temos certeza de que se não fizermos, ninguém vai fazer. Ninguém mais fazia antes, ninguém mais faz no momento. Pessoalmente, quando releio vários de meus artigos, tenho apenas uma certeza: como eu gostaria de ter tido a oportunidade de ler algo assim anos e anos atrás.

Mantendo-se vivo até 2017, apesar das dificuldades e do tamanho diminuto, o COMMU mostra que é possível, sim, abordar os problemas a partir de uma visão metropolitana, mais inclusiva e mais respeitosa. Mais do que possível, é necessário, é urgente.

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