mobilidade regional

Renegociação de contratos não pode ser única alternativa para concessões fracassadas

Em 20 de agosto, a Folha de S.Paulo opinou que, em relação aos problemas com a concessão de quase mil km de rodovia, no âmbito da BR-040 (Juiz de Fora, MG-Brasília, DF), “a escassez de interessados” deixava “pouca alternativa além da renegociação dos contratos com os prestadores existentes”. Para fins de rápida contextualização, o contrato com Invepar — mesmo grupo que controla, não sem requintes de incompetência, o MetrôRio e o GRU Airport, concessionárias do Metropolitano do Rio de Janeiro e do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, respectivamente — terminou em agosto, conforme reportagem da TV Integração, publicada pelo G1 Zona da Mata um dia antes da Folha nos brindar com mais uma brilhante opinião.

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Marginalização da CPTM é combustível para privatização

É importante que a população compreenda que a privatização das linhas 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) e 9-Esmeralda (Osasco-Mendes·Vila Natal) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) é resultado de uma marginalização duradoura, que não se limita às classes mais baixas, mas também afeta um imenso contingente de classe média. Há anos, a impressão é de que poucos deram ouvidos aos alertas sobre a Linha 4-Amarela (Luz-Vila Sônia), feitos por nós e outras pessoas e organizações.

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Reflexões sobre cobrança de pedágio na Mogi-Dutra

O Diário de Mogi tem encampado a luta (de classe média e alta, aparentemente) contra o pedágio na rodovia Mogi-Dutra. Nada de errado em questionar, ainda que veladamente, o pequeno estelionato eleitoral de Tarcísio de Freitas (Republicanos) que havia prometido interromper o processo iniciado no governo de Rodrigo Garcia (PSDB), bem como o produto direto da privatização a partir de uma concessão, que é a construção de uma ou mais linhas de receita.

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Com voos mais caros e ausência de trens, ônibus de luxo ganham mercado

Contextualização Em novembro, O Estado de S. Paulo publicou reportagem intitulada “Viagens de ônibus ganham luxos de 1ª classe, com sala vip, poltrona massageadora e TV; conheça”, que ao ser levada por mim para apreciação no grupo do COMMU no Telegram, resultou em uma discussão interessante, protagonizada principalmente por mim e pelo Tiago de Thuin. Inicialmente, percebi que as partidas da Levare em São Paulo parecem utilizar um artifício eufemisticamente chamado de “sala VIP”, de forma a contornar o verdadeiro ponto de partida das rotas: Guarulhos, segunda maior cidade da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), cuja rodoviária tem ares desérticos, a despeito de possuir um terminal urbano integrado e um calçadão conectado à Linha 13-Jade (Eng.

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Nova Tamoios: um remédio caro e ineficaz para o subdesenvolvimento

O anúncio de inauguração da Nova Tamoios, a nova pista de descida ligando o Vale do Paraíba ao Litoral Norte de São Paulo, concentra-se na obra de engenharia. São números faraônicos (“o maior túnel rodoviário do Brasil, com 5.555 m!”) e hipérboles ligadas à tecnologia, ou a um pretenso baixo impacto ambiental. Há apenas uma menção direta ao uso dessa obra cara, pra além de generalidades que se fala de qualquer obra, como empregos gerados na construção e desenvolvimento regional: ela vai “reduzir o tempo de viagem pela metade”.

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Prestes a completar 30 anos, CPTM começa 2022 com turbulências

Este artigo é o primeiro de uma série especial de artigos sobre os 30 anos da CPTM. Surgida em maio de 1992 e prestes a complementar 30 anos, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) tem um início de ano ligeiramente turbulento: as reclamações em torno da concessão de duas de suas mais proeminentes linhas, 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) e 9-Esmeralda (Osasco-Mendes·Vila Natal) não parecem diminuir, ao passo que velhos problemas ligados ao meio físico continuam a assombrar a empresa, tais como inundações (veja aqui, aqui e aqui) e erosões.

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Ferrorama regional

Prólogo Entre as sugestões das pouco mais de 15 empresas que participaram das sondagens realizadas pelo governo estadual em setembro, comentadas pelo site Metrô CPTM em 18 de novembro de 2021, há elementos preocupantes e que, mais uma vez, reforçam que o TIC (Trem Intercidades) Eixo Norte é um projeto limitado e controverso. Contextualização Parece existir muito pouca preocupação com o bem-estar do passageiro atual da Linha 7-Rubi (atualmente Jundiaí-Brás, como parte do Serviço 710) da CPTM (Companha Paulista de Trens Metropolitanos), fora o pouco dinamismo (ausência de estações e estratégias de desenvolvimento urbano e imobiliário) para as estações do serviço parador que deverá operar entre Francisco Morato e Campinas (chamado de TIM, sigla para Trem Intrametropolitano), compartilhando seus trens com a Linha 7-Rubi e suas vias com o único serviço regional, que deverá ser completamente expresso entre as estações Campinas e Palmeiras·Barra Funda (que é o TIC de facto).

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É bobagem tentar reaproveitar antigas ferrovias para trens intercidades. Precisamos de trens de alta velocidade!

Prólogo Recentemente, uma discussão entre os membros Caio César e Tiago de Thuin acontecia no grupo fechado do COMMU no Telegram. O assunto era a verdadeira “sinuca de bico” da construção de ligações ferroviárias regionais verdadeiramente competitivas, principalmente entre as regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista. Se você suspeita que o futuro trem intercidades entre São Paulo, Jundiaí e Campinas já é tacanho, confira o exercício de tentar repetir o modelo mirando em cidades como Santos, São Vicente ou Praia Grande.

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Renato Lobo, do Via Trolebus, entrevista membro do COMMU

Em 17 de setembro (sexta-feira), nosso membro Caio César foi entrevistado por Renato Lobo, do portal Via Trolebus. Entre os temas abordados, estão a necessidade de um melhor uso e ocupação do solo no entorno das linhas do sistema metroferroviário, questões ligadas à revisão do Plano Diretor Estratégico da capital paulista, a dificuldade de instituir uma “Autoridade Metropolitana”, além de questões ligadas à CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), principalmente no âmbito da implantação do TIC (trem intercidades) entre São Paulo e Campinas, atualmente denominado TIC Eixo Norte.

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Um novo olhar para o transporte rodoviário regional

A mobilidade regional entre as metrópoles e aglomerações urbanas paulistas, pelo menos nas últimas décadas, tem se dado por meio de rodovias, geralmente concedidas e dotadas de múltiplas praças de pedágio. Tais rodovias, quando comparadas com as ligações sobre trilhos existentes, geralmente voltadas para o transporte urbano ou apenas para o transporte de cargas, são mais modernas e apresentam traçado menos sinuoso, conferindo aos seus utilizadores tempos de viagem bastante competitivos fora dos horários de pico.

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Mobilidade regional: mídia especializada não pode se limitar a entregar recados

Nos últimos dias, temos assistido a um verdadeiro tiroteio silencioso na arena da comunicação, no qual dois players tentam vencer, pelo disparo recorrente de releases de imprensa, a opinião pública e a disputa por espaço em blogues, jornais e outros veículos. De um lado, uma plataforma tecnológica e empresas de fretamento, do outro, o Estado e empresas tradicionais do transporte rodoviário de passageiros. Houve até uma manifestação envolvendo os primeiros, ocorrida na última quarta-feira, 28, com a circulação de ônibus rodoviários em importantes avenidas da capital.

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Rede de cidades novas especializadas poderia financiar trens regionais de alta performance

Série especial Organizada para ocorrer entre os dias 01/09/2020 e 04/09/2020, a vigésima sexta edição da Semana de Tecnologia Metroferroviária, organizada pela AEAMESP (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô) em formato gratuito e virtual, revela importantes trabalhos ligados ao transporte de média e alta capacidade, produzidos por diferentes atores. O COMMU mais uma vez compartilha impressões do evento por meio de uma série especial. Clique aqui para conferir todos os artigos da série já publicados até o momento.

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Pedro Moro apresenta detalhes da concessão da Linha 7-Rubi na AEAMESP

Série especial Como já é praxe, a última Semana de Tecnologia Metroferroviária da AEAMESP contribuiu para demonstrar tendências ou confirmar especulações em torno dos rumos do sistema metroferroviário. Neste artigo, queremos discutir especialmente sobre o formato do trem intercidades (também chamado trem regional) desenhado pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e outros atores da esfera privada e institucional. Clique aqui para conferir todos os artigos já publicados sobre a 26ª Semana de Tecnologia Metroferroviária.

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COMMU e Bike Zona Sul participam de live sobre mobilidade urbana

Participaram do evento Caio César e Matheus Barboza (COMMU) e Paulo Alves (Bike Zona Sul). Cada um de nós teve 15 minutos para falar sobre mobilidade e mais alguns minutos para considerações finais. A live foi organizada e transmitida pela página SOS Transportes M’Boi Mirim, coordenada pelo Jailson, morador da região do Jardim Capela. Caio César alertou para os riscos envolvidos na concessão das linhas 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí), 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi-Amador Bueno) e 9-Esmeralda (Osasco-Grajaú).

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Em busca do seletivo perfeito: reflexões sobre a mobilidade regional a partir do Trem Metropolitano e do fomento à mobilidade como serviço

Justificativa Considerando as últimas discussões que realizamos internamente a respeito do transporte sob demanda, uma das possibilidades levantadas é a de que o modelo do fretamento (quando pessoas ou grupos de pessoas contratam um ônibus para se deslocarem entre pelo menos dois pontos, a partir de necessidades em comum) possui o espaço e a força que conhecemos, sendo onipresente na capital paulista, devido à situação da malha de transporte sobre trilhos.

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Segregação de cargueiros definirá futura competitividade de trem para Campinas

Série especial Entre os dias 03/09/2019 e 06/09/2019 a AEAMESP (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô) realizou sua vigésima quinta edição da Semana de Tecnologia Metroferroviária. O COMMU esteve presente a convite e compartilha impressões do evento por meio de uma série especial. Clique aqui para conferir todos os artigos da série já publicados até o momento. Introdução Conversas com pessoas do setor durante o evento apontam possibilidades mais flexíveis para a futura concessão da Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), entretanto, algumas condições são desejáveis ou até mesmo mandatórias, como veremos a seguir.

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Populismo ameaça implantação de trens regionais no Estado de São Paulo

Nos últimos meses tem sido constante a necessidade de explicar que não figura como boa prática compartilhar trilhos entre trens de carga, trens regionais e trens metropolitanos, mas a máquina governamental e a imprensa (incluindo veículos especializados) parecem pouco preocupados com a realidade e as possíveis consequências. A última eleição já tinha dado sinais. Atualização (20/06/2019, 21h44): publicamos um vídeo sobre o tema no Facebook e no YouTube, que complementa este e os outros artigos:

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Trem intercidades ignorar Mogi das Cruzes é apenas a ponta do iceberg

Contextualização No final de maio, O Diário de Mogi, transparecendo a miopia que tipicamente assola as reportagens do tabloide mogiano sobre o transporte metroferroviário, bradou sobre o nebuloso trem intercidades entre as regiões metropolitana de São Paulo e do Vale do Paraíba e Litoral Norte: Só não definiu se os trens de passageiros virão por Mogi, dividindo espaço com os subúrbios, ou se utilizarão o ramal do Parateí, o que alijaria a cidade dessa melhoria.

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Linha 7-Rubi e o trem intercidades: uma proposta de conciliação

Contextualização Como analisado no artigo “Concessão da Linha 7-Rubi: sobram dúvidas e incertezas”, as declarações do governador João Doria (PSDB) e seu secretário Alexandre Baldy ainda carecem de informações mais detalhadas sobre o futuro da Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) do Trem Metropolitano da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), no entanto, apesar das declarações vagas, João Doria segue reiterando regularmente que vai tirar o trem regional (também chamado de trem intercidades) do papel, como aconteceu no domingo, 24.

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Trens-bala podem facilitar o acesso à moradia?

Prólogo Recentemente o CityLab abordou algumas questões interessantes envolvendo o trem de alta velocidade que está sendo implantado na Califórnia, costa oeste dos Estados Unidos e, particularmente, uma delas se destacou a meu ver: a possibilidade de reduzir os custos habitacionais ao colocar um trem-bala em funcionamento. Antes de tratar do casamento entre trens rápidos e moradia mais acessível, faz-se necessário contextualizar brevemente a atual situação dos trens regionais, comumemente chamados de trens intercidades pela STM (Secretaria dos Transportes Metropolitanos) e pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitano).

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