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São Paulo sem São Paulo: redefinindo o papel da metrópole

Cerca de metade da população da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo) reside nos 38 municípios que orbitam ao redor da capital e, mesmo dentro da capital, parcelas significativas residem a uma distância considerável (a 20, 30 ou mais km de distância) das novas centralidades constituídas ao longo do rio Pinheiros, como Vila Olímpia, Itaim Bibi, Berrini e Faria Lima. Por que um morador da Zona Leste deveria tratar o parque Ibirapuera como principal parque do município, quando reside a uma distância mais curta dos parques do Carmo, do Piqueri ou do Ceret?

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Rinha de ricos: em busca do antídoto

Eufemismos No bojo dos meus deslocamentos entre São Paulo e São Bernardo do Campo, comentei com outros membros deste Coletivo sobre como é muito fácil ser transformado numa espécie de caricatura ao tentar discutir diferentes porções da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo). Nada contra Paris, mas a São Bernardo do Campo chego de ônibus Há alguns dias, voltei a me deslocar diariamente para São Bernardo do Campo[1] e, ao longo de uma semana, suspeito que já acumulei material suficiente para fomentar discussões por meses, escrevendo artigos, publicando no Instagram, dialogando internamente com outros membros no Telegram, etc.

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Por uma agenda para a Região Metropolitana de São Paulo

Olhar limitado Embora a disputa da prefeitura de São Paulo acabe dominando o noticiário, muitos dos problemas e agonias ligados à capital paulista também são compartilhados pelos municípios da região metropolitana. O debate ligado ao ordenamento urbanístico paulistano, ou seja, à revisão do Plano Diretor Estratégico e ao zoneamento (oficialmente denominado “Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo”), sugere que boa parte do território nem chega a ser debatido, ou, como Raul Juste Lores alfinetou em vídeo recente, citando as favelas de Paraisópolis e Heliópolis, não chega a “virar assunto”.

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Após 40 anos, Zona Leste receberá empreendimento de uso misto à altura de suas linhas de metrô

Longe dos olhares de reprovação dos reacionários urbanísticos dos “três pês do apocalipse” (Pinheiros, Pacaembu e Perdizes), a Porte Engenharia e Urbanismo anunciou seu mais novo empreendimento imobiliário, batizado de Urman São Paulo e posicionado entre o Sesc Belenzinho e a Estação Belém da Linha 3-Vermelha (Corinthians·Itaquera-Palmeiras·Barra Funda). De acordo com a Gazeta do Tatuapé, o lançamento ocorreu no último final de semana, durante os dias 18 e 19 de março.

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Verticalizar São Paulo não pode e não precisa ser sinônimo de produzir porcaria

Recentemente, o LabCidade publicou um trabalho muito interessante a respeito de como a população está distribuída em São Paulo e parte da periferia metropolitana. Intitulado “A verticalização de mercado em São Paulo é branca”, o artigo suscitou uma série de reações, à direita e à esquerda, ou seja, temos mais uma oportunidade de reflexão e de retomar críticas publicadas anteriormente. Não quero entrar em detalhes sobre as reações, mas quero tecer alguns comentários a partir delas.

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Discutir adensamento e verticalização é complexo e desconfortável, mas precisa ser feito

Introdução Começo este artigo dizendo que as discussões mais importantes parecem surgir pelos motivos mais errados. O caso do adensamento e da verticalização numa das mais populosas regiões do estado de São Paulo, não é exceção. E não é a primeira vez. Contexto: a Porte, uma construtora sediada no Tatuapé, responsável pela verticalização de parcelas relevantes da região, com um passado talvez não muito brilhante em termos arquitetônicos, decidiu que viraria a página: adotou uma linguagem arquitetônica mais contemporânea, passou a ser mais cuidadosa e decidiu incorporar uma espécie de “espírito bratkeano”, tomando para si o desafio de estimular o surgimento de uma “Berrini local”, batizada de “Eixo Platina”, em alusão à Rua Platina, paralela à Radial Leste.

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Tatuapé: por uma ciclovia na Itapura (parte 4)

Série especial Você está lendo uma série especial de artigos a respeito do Tatuapé e da Rua Itapura. Para visualizar os artigos já publicados, clique aqui. Conclusão Esperamos que esta série de artigos tenha contribuído para rebater as principais “abobrinhas” em torno de uma ciclovia na Itapura. Sabemos que a qualidade da infraestrutura viária nem sempre é adequada, no entanto, raros são os pleitos por ciclovias ainda mais caras, integradas com um projeto urbanístico mais sofisticado, pelo contrário, sobra sectarismo e ignorância.

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Tatuapé: por uma ciclovia na Itapura (parte 3)

Série especial Você está lendo uma série especial de artigos a respeito do Tatuapé e da Rua Itapura. Para visualizar os artigos já publicados, clique aqui. A primeira parte apresenta uma contextualização para a discussão apresentada. Combatendo a desinformação Nesta segunda parte, daremos continuidade à contra-argumentação. Desta vez, rebataremos dois lugares-comuns: (i) ciclovias devem ficar em ruas ermas; e (ii) falta ou não há planejamento. Ciclovias não deveriam ser implantadas em ruas movimentadas Sem entrar no mérito do que é ou não ser movimentado, o discurso é simplesmente contraditório, porque, mais uma vez, vai na contramão de qualquer noção minimamente racional de otimização.

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Tatuapé: por uma ciclovia na Itapura (parte 2)

Série especial Você está lendo uma série especial de artigos a respeito do Tatuapé e da Rua Itapura. Para visualizar os artigos já publicados, clique aqui. A primeira parte apresenta uma contextualização para a discussão apresentada. Combatendo a desinformação Nesta segunda parte, daremos continuidade à contra-argumentação, tratando especialmente da redução das vagas de estacionamento. Redução das vagas de estacionamento Uma das reclamações com a qual mais nos deparamos está ligada à ideia de que é dever do poder público garantir que um veículo privado tenha garantia de espaço para estacionar.

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Tatuapé: por uma ciclovia na Itapura (parte 1)

Série especial Você está lendo uma série especial de artigos a respeito do Tatuapé e da Rua Itapura. Para visualizar os artigos já publicados, clique aqui. Contextualização Dias atrás, uma acalorada discussão em torno de uma ciclovia na famosa Itapura, uma das principais ruas da parcela mais boêmia e gastronômica do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, alertou, mais uma vez, que boas práticas de planejamento e de desenho urbano estão bem longe de serem um lugar-comum numa das maiores e mais importantes cidades do planeta.

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Tensões entre comerciantes e ciclistas reforçam por que São Paulo peca em qualidade de vida

Contextualização Como temos divulgado, os meses de maio e junho de 2019 são especialmente importantes para a mobilidade ativa na capital paulista, pois uma série de audiências do plano cicloviário estão ocorrendo em paralelo com a consulta online. Em 31/05/2019 foi a vez da audiência para a região Leste 1, que abrange as subprefeituras Penha, Mooca e Vila Prudente. Este texto tem como proposta ser um relato que rebate brevemente alguns dos absurdos proferidos durante a audiência, não se propondo a substituir um artigo anterior que rebate argumentos anti-ciclovia.

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Vila Operária da Rua João Migliari

“There are two strong conquerors of the forgetfulness of men, Poetry and Architecture” “Há dois fortes conquistadores do esquecimento do Homem (pessoa): a Poesia e a Arquitetura.” John Ruskin, Seven Lamps of Architecture — The Lamp of Memory, 1849, (Capítulo VI, § II) Na noite de 20/02/2019, o Urbanista e Arquiteto, Lucas Chiconi, decidiu compartilhar sua indignação com relação da parcela mais influente do campo progressista e a relação desta com a Zona Leste da capital e pautas de cunho mais local.

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Zona Leste: até quando presa numa camisa de força?

Quando dialogamos com certas parcelas do campo progressista, uma das maiores dificuldades é explicar que a luta por mais infraestrutura de transporte não se trata de “mais do mesmo”, como já nos foi dito por uma ciclo-ativista. É óbvio que a Zona Leste precisa de políticas e ações de desenvolvimento, que elevem o número de postos de trabalho e permitam que a economia local seja mais dinâmica, mas será correto julgar que a infraestrutura atual é suficiente?

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Concessão dos terminais de ônibus do Metrô: cadê a participação social?

O terreno está pronto Originalmente se falou em 17 terminais, conforme nós do COMMU adiantamos em artigo publicado em 21/09/2016, mas parece que o número final já está fechado: 15, a maioria deles na Linha 3-Vermelha (Itaquera-Barra Funda). São Paulo terá 15 terminais de ônibus integrados a estações do...São Paulo terá 15 terminais de ônibus integrados a estações do Metrô concedidos à iniciativa privada. Veja quais serão ▶ Publicado por Governo do Estado de São Paulo em Sexta-feira, 25 de agosto de 2017 Ana Carolina Nunes, conselheira do CMTT pela mobilidade a pé em São Paulo (veja mais sobre a câmara temática aqui), dispara uma série de questionamentos que, dada a postura habitual do governo estadual, infelizmente ficarão sem respostas:

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15 ações para melhorar a CPTM na Zona Leste

Prólogo Para desatar o nó e o pessimismo que congela qualquer tipo de mobilização, decidimos propor 15 ações para tentar solucionar os problemas de mobilidade que afetam sobretudo os passageiros do Alto Tietê e parte da Zona Leste. Considerando que as linhas já existem e estão predominantemente em superfície, o custo é consideravelmente menor em comparação sistemas novos e em subterrâneo, por exemplo, no caso da expansão da Linha 5-Lilás (atualmente Capão Redondo-Adolfo Pinheiro), o investimento chega a R$ 4,5 bilhões.

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Construtora anuncia plano para o Tatuapé e moradores culpam prefeitura

Contextualização O Tatuapé é a região mais cara da Zona Leste da capital paulista. Sua importância tem crescido a medida que o zoneamento, muito permissivo, facilitou o surgimento de um polo gastronômico, boêmio e comercial, cuja força se soma aos eixos rodoviários e metroferroviários da região, com destaque para as avenidas Radial Leste e Salim Farah Maluf, bem como para o corredor de alta capacidade formado pelas linhas 3-Vermelha da Companhia do Metropolitano de São Paulo, 11-Coral e 12-Safira da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

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Vá além do Centro Expandido de São Paulo

Introdução Quando falamos de mobilidade urbana, a palavra “descentralização” surge com grande facilidade, é muito comum desejar e encontrar pessoas desejando maneiras de reduzir seus deslocamentos e depender menos do transporte coletivo para o dia-a-dia, algo assim, teoricamente, aumenta o tempo livre e aumenta a liberdade para viver a cidade e ter uma vida mais saudável. Eu tenho notado que existe, porém, um comportamento muito interessante: um morador do Centro Expandido, com bom nível de consciência política e não raramente já desfrutando de maior tempo livre devido à dinâmica da região, que concentra não só muitos postos diversos (ou seja, com diferentes níveis de qualificação) de trabalho, mas uma imensidão de equipamentos públicos e privados, defendendo a tal “descentralização”, porém, se o mesmo morador não sai do Centro Expandido e pré-concebe uma imagem do restante do município de São Paulo e também dos outros municípios que compõem a Região Metropolitana de São Paulo (também chamada de Grande São Paulo), passa a existir, portanto, uma incoerência.

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As contrariedades na discussão de uma São Paulo policêntrica

Introdução Imagine viver numa região com 20 milhões de pessoas e ouvir discursos, geralmente proferidos por alguns moradores da capital, de que São Paulo precisa se descentralizar, numa noção reducionista, na qual há uma relação de dependência completa, como se pudéssemos separar todo um complexo e diverso território em duas metades: na primeira, a mancha formada pela Avenida Paulista, a região de Pinheiros e mais alguns lugares ao longo da Marginal Pinheiros, já na segunda metade, você tem todo o resto, tudo no mesmo balaio, da mais paupérrima periferia aos subúrbios mais ricos, com sedes de grandes empresas, tudo classificado e vitimizado como “o resto”.

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Terminais de ônibus e a intermodalidade

O que é intermodalidade? Conforme a monografia de Elena Mesa Marquez, precisamos conceituar o que é transporte antes de efetivamente discutirmos intermodalidade, portanto (página 16): Segundo Rodrigues (2004, p. 17) “transporte é o deslocamento de pessoas e pesos de um local para outro”. Em termos mais abrangentes, Faria (2001, p.15) define que “transportar é conduzir, levar pessoas ou cargas de um lugar para outro” e afirma que a atividade de transportes tem origem tão remota quanto o surgimento da humanidade, estando o desenvolvimento da referida atividade diretamente ligado ao desenvolvimento dos seres humanos.

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Pensando um VLT para a região do Tatuapé

Introdução Quero explorar aqui o exercício de pensar num VLT para a região, devido à saturação que enxergo há alguns anos nos ônibus que fazem a alimentação e complementação do Metrô e CPTM na Estação Tatuapé, atuando para dar capilaridade ao sistema existente. Observação: para quem quiser um material para saber mais sobre os VLTs, também chamados de bondes modernos, streetcars e tramways, segue um vídeo: Legenda: Edição do Matéria de Capa da TV Cultura que contém exemplos ligados à utilização de VLTs ao redor do mundo Para pensar no traçado da linha (ou das linhas) existem algumas dificuldades para analisar os pontos de interesse com maior atração de demanda dentro do distrito, mesmo que o VLT busque suplantar, ainda que parcialmente, uma ou mais linhas de ônibus que já circulam como alimentadoras, os dados da SPTrans não ajudam muito.

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